Quando era miúda raras eram as vezes em que me deitava sem espreitar debaixo da cama. Confirmava sempre se não estaria por lá escondido um qualquer monstro aterrador que me puxasse os pés durante o sono. E se acordava a meio de uma noite de verão destapada ou com o pé de fora, depressa voltava para baixo das mantas, com cabeça tapada e tudo, deixando apenas um pequeno espaço para poder respirar. Ainda hoje faço isso, se bem que por razões diferentes. Mas há um que de aconchego em deixar-me abraçar pelas mantas e adormecer. É engraçado como mantenho esse hábito, principalmente nas noites de inverno ou quando preciso desesperadamente chorar e deitar as mágoas cá para fora. Enrosco-me nas mantas. Tapo a cabeça e deixo sair. Sinto-me protegida..reconfortada. Se calhar é estranho. Provavelmente sou das poucas #"aves raras" adultas a fazer este disparate.. mas cada um é como cada qual. Eu sou assim, meio louca, meio criança. E se estas pequenas coisas me fazem bem e feliz..bem certamente é porque não estão assim tão
erradas.