Gosto de ver a lua. Sempre gostei de me deitar numa noite quente de verão e ficar a olhar para o céu. Para aquele brilho mágico.
Foste tu que me ensinas-te que não importa o lugar onde estejas, a lua nunca, nunca será maior que o nosso polegar. Esteja ela cheia ou não..e é verdade..já experimentei em tantos sítios..E cada vez que o faço lembro-me de ti. Da noite em que me ensinas-te e puxaste a minha mão para cima, o dedo espetado no ar..e provaste que tinhas razão.
Hoje faço-o com menos frequência. Hoje perco-me menos a observar a lua. Se calhar porque me trás demasiadas recordações.
Mas é bom saber, que quando antes de ir para cama perco o olhar janela fora, alguém algures no mundo estará a fazer exatamente a mesma coisa.
E chegou ao fim! Chegou ao fim um estágio que a inicio parecia que seria interminável. Chegou ao fim o curso.
Chegaram aos fim os quatro anos mais intensos da minha vida. Muitos altos e baixos. Muitas barreiras a saltas. Muitos sonhos que ficaram pelo caminho. Muita coisa boa e outras tantas menos boas. Muita gente que conheci. Amizades que ficam para a vida. Noites loucas na coluna no FRA. Jantares de cinquenta pessoas em cozinhas minúsculas. As serenatas e o peso da capa preta nos ombros. Os cafés intermináveis. Os ENEE's. As conversas e confidencias trocadas. Os segredos sussurrados . Os amores inconscientes. Muitas aventuras, muitos momentos, muitas memórias intensas que ficam nestes quatro anos. Memórias que compiladas, se calhar não são mais que 10 minutos de recordações. Mas são daquelas recordações boas que nos aquecem por dentro..
Neste momento nem consigo bem assimilar que acabou! Aliás ainda não me consigo ver com Enfermeira. É estranho, é uma sensação agri-doce!
Vou deixar de ser estudante. Deixar de usar o traje. Deixar de ir ate à escola. Deixar aquelas noitadas loucas e de conhecer sempre pessoas novas. Deixar para trás estes que foram mesmo os melhores anos da minha vida. E está a custar. Está a custar saber que há que seguir em frente…
Ultimamente vou deitar-me sempre com a cabeça a mil. É o cérebro que não se cala. O coração que não se acalma. A alma que não sossega.
Dou voltas e voltas na cama. Tento calar os pensamentos. Aquietar-me e tentar dormir. Mas é inútil. O resultado é sempre o mesmo...eu às voltas na cama com um único pensamento a toldar-me os sentidos.
Tenho saudades dos tempos em que simplesmente encostava a cara à almofada e me entregava ao sono. Tenho saudades de não ter a cabeça tão cheia. Tenho saudades das noites em que desejava ter alguém em quem pensar. Agora tenho esse alguém...e posso dizer, as noites tornaram-se bem piores!