Pensamos em tudo, menos numa senhorade meia idade que nos telefona só para confirmar se temos cobertores suficientes e lanternas para o caso de ficarmos sem luz.
Pensamos em tudo, menos numa senhorade meia idade que nos telefona só para confirmar se temos cobertores suficientes e lanternas para o caso de ficarmos sem luz.
Últimamente dou comigo a pensar como gostava de ainda estar a estudar. É estranho porque apenas há uns meses atrás o que mais desejava era acabar rápidamente o curso..agora vem aquela saudade.
Lembro-me de que quando era miuda adorava esta altura do ano. Gostava de correr as livrarias todas à procura dos livros para o novo ano lectivo. Lembro-me de os folhear com todo o cuidado e espreitar o que iria dar ao longo do ano. Lembro-me do cheiro, daquele cheiro a papel.
Lembro-me de como gostava de ir escolher os cadernos. O estojo. Os lápis de cera. As canetas de feltro. As borrachas e toda a parafernália de coisas que fazem parte das mochilas dos miudos por esse mundo fora. Gostava daquene frenesim no inicio de ano lectivo.. De levar tudo a estrear no primeiro dia e matar saudades dos amigos.
Havia algo de mágico. Hoje dou comigo a pensar que na altura não valorizava nada daquilo. Acho que pensamos que essas pequenas coisas vão durar para sempre. A verdade é que não duram e deixam uma enorme saudade...
Começo a ficar farta destes jogos de gato e rato. De estar estupidamente feliz para pouco depois me sentir na mais profunda amargura. Estou farta de dizer que não sofro mais e de ver o padrão repetir-se uma vez. Estou farta que algum poder superior coloque na minha vida pessoas incríveis e depois acabar por perde-las de uma ou outra forma. Estou farta desta ambiguidade. Estou farta de ver o tempo que estamos a desperdiçar. Estou farta de ter medo de te perder. Estou farta de levar rasteiras quando estou mais feliz. Estúpido karma...já era hora de ires dar uma volta
Mais dia menos dia acabo sempre por perdoar as pessoas. Acabo por pôr as coisas um bocado para trás das costas. Perdoo, mas não esqueço, afinal sou humana.
Mas perdoo. Dou outra chance. Arrisco e tento ver no que dá. Se existe amizade porquê colocar tudo em risco!? Para mim os amigos o mais importante do mundo. Por isso sim, já perdoei coisas quase imperdoáveis. Já engoli o orgulho e ultrapassei rasteiras que me tinham pregado. Tudo porque para mim amigos são como irmãos. E aos irmãos perdoamos tudo, ou quase tudo.
Isto é quase um defeito crónico. Na altura fico zangada. Triste. Magoada. Digo para mim mesma que não deixo que me pisem novamente..Mas o que é certo é que rapidamente me esqueço destas promessas a mim mesma. Basta um sorriso. Uma palavra. Uma mensagem que me toque direitinha no coração...e derreto-me.
Eu sou assim... Se acho que está errado? Ás vezes sim, por deixar que abusem de mim.
Mas gosto de ser quem sou. Gosto de ser o tipo de pessoas que não guarda rancores. Que arrasta mágoas e raivas a vida toda...