Dou comigo a sentir a tua falta. Muito mais do que seria desejável. Dou comigo a adormecer noites a fio e a ter-te a ti como último pensamento.
Dou comigo a sentir necessidade de te ver todos os dias. De continuar a meter conversa e a picar-te. Dou comigo a pensar que esta situação me consome por ter que secreta.
Dou comigo a querer que mudasse. Que pudesse ser livre. Que pudesse ser demonstrado. Dou comigo a desejar que púdessemos dar as mãos sem ser às escondidas ou quando os nossos amigos não estão a ver. Dou comigo a desejar que nos pudessemos simplesmente abraçar. Dar beijinhos. Ser o que somos um com o outro e não ter que dar explicações.
Temos tudo e não temo nada ao mesmo tempo. Picamo-nos. Rimos. Olhamo-nos ( e quanta intensidade existe nesse olhar). Sentimos o cheiro um do outro. Tocamo-nos de fugida para matar saudade...
Começa a não chegar. Tudo isso começa a não chegar. Se calhar sou demasiado exigente, não sei.
Mas acho que já não tenho idade para isto. Não tenho nada a esconder. Não fiz (não fizemos) nada de mal. Não me queria esconder, mas escondo.. Escondo porque gosto de ti. Porque me preocupo. Porque te quero bem..
Mas dou comigo a pensar...se alguma dia este meu maldito karma de complicar o que é simples, irá simplesmente acabar.
Até lá continuo a deixar-me ir. Continuo a fugir para ir ter contigo em encontros secretos que me disparam o coração. Continuo a olhar-te nas noites em que saimos, com aquele olhar que diz tudo. Continuamos a sentar-nos lado a ladopara satisfazer o olfacto, para num discreto roçar de mãos conseguirmos aquecer a alma. Continuamos assim.. neste tudo. Neste nada. Nesta qualquer coisa que não sei o que é. Nesta qualquer cosia que aquece. Que faz sentir falta. Que faz disparar o coração. Querer estar junto. Nesta qualquer coisa que me faz querer passar a eternidade no aconchego de um abraço...