Está toda a gente lá fora a festejar!
Eu estou aqui sozinha atirada no sofá e este silêncio começa a incomodar-me! Na minha aparelhagem não toca nenhuma música, na mesa de jantar não se ouve o estalido de uma garrafa de champagne a abrir, não se ouvem palavras sussurradas e não se sente desejo a pairar no ar. Silencio, só silencio. Um silencio profundo que começa a pesar.
Nunca gostei de datas pré-estabelecidas é verdade, para mim o amor não tem hora marcada. Não preciso que me digam quando devo celebra-lo. Contudo…. Hoje, gostaria de ser um deles. Um desses loucos aficionados que vivem este dia com a maior das intensidades, aqueles loucos que um mês antes já entram em contagem decrescente para o “grande” dia.
Hoje dava a alma para andar por ai de mãos dadas, por ter alguém dedicado a mim, por ouvir um amo-te silibado ao ouvido. Hoje, só hoje dava tudo para saborear aquele beijo novamente, dava tudo para não ter que dormir sozinha naquela cama que me parece tão grande e fria.
Hoje…
Mas hoje, precisamente hoje que sinto o verdadeiro peso de estar sozinha. É hoje que não tenho quem celebrar este dia, é hoje que esta condição de solteira me faz sentir terrivelmente abandonada. Talvez porque pela primeira vez, gostaria de estar verdadeiramente a viver este dia. Talvez porque pela primeira vez gostava que este dia não fosse apenas mais um dia no calendário.
Lá fora ouvem-se as gargalhadas, percebem-se as promessas trocadas.Os olhares não mentem e denunciam o que vai no coração.
Hoje eu estou aqui.. na escuridão da sala, sozinha e sinto-me morrer por dentro! Por isso fecho os olhos e desejo com a maior das forças que o amanha venha rápido. Porque amanha o dia de hoje já terá passado, já será apenas uma memória..
Mas até lá..bem até lá permaneço aqui e deixo-me consumir… entrego-me. Amanha tudo será uma memória, como um cigarro esquecido num cinzeiro.. a promessa perdida. Algo deixado a meio… Amanha este dia nada mais será que passado!